sexta-feira, 3 de maio de 2013

Indisciplina: como enfrentar este tipo de violência?

Sala de aula lotada! Hoje é um dia diferente! Todos esperando o resultado das provas. A professora começa a chamar e entregar as provas. A algazarra é inevitável! Alunos correm, comentam suas provas, outros comparam suas provas com aqueles que tiraram uma nota melhor, outros vão até a professora reclamar da nota e ela ainda nem terminou de entregar. Pronto! Todos estão com suas provas. A professora conseguiu acalmar os ânimos. Orienta-os! Vai atender as reclamações e rever algumas provas, mas não neste momento. Agora é o momento para rever as questões. Fazer o feedback! Em outra sala a professora está explicando conteúdo novo. A maioria dos alunos tenta prestar atenção. Tenta ouvir a professora. Tenta! Mas, não consegue. A conversa paralela de alguns alunos, outro andando pela sala, outro arrastando a carteira e aquele que resolveu trazer e girar um objeto esférico de ferro em cima da carteira faz com que a voz da professora seja abafada e não chega até aquela maioria que está a fim de aprender. A professora interrompe várias vezes sua explicação esperando com que aqueles alunos voltem a seus lugares ou pare de conversar e de brincar. Quebra-se desta forma a continuidade da explicação e se perde um tempo precioso no qual a turma deveria estar aprendendo. A todo o momento rompe-se o processo de aprendizagem. Perde-se a concentração! As situações acima são situações diferentes. Não podem ser vistas da mesma forma. A primeira é algo casual. Terminada a entrega das provas e feitos comentários a turma volta ao seu normal. A segunda situação já é um caso de indisciplina! De falta de respeito! De respeito ao profissional que está tentando fazer seu trabalho, o de ENSINAR, e ao restante da turma, que é a maioria, que veio a escola para aprender! Infelizmente, a segunda situação é o que grassa nos estabelecimentos educacionais. É a “doença” mais comum nas salas de aula. A reportagem da Folha Dirigida relata que: Sala de aula lotada, barulho dentro e fora da escola, desrespeito dos alunos, acúmulo de turmas em vários colégios, excesso de pressão dos gestores são fatores geradores de doenças daqueles que atuam no magistério. Não é a toa que o índice de educadores doentes aumentou! (Saúde do Professor: As doenças do magistério: 26.03.2009) Ainda segundo a reportagem da Folha Dirigida (2009) uma pesquisa realizada em 2008, pelo Sindicato dos Professores do Município do Rio e Região (Sinpro-Rio) mostra o quanto o trabalho nas salas de aula pode prejudicar a saúde do professor. Diz a pesquisa que dos 1579 docentes entrevistados em 219 instituições privadas da cidade, 93,5% informaram ter sentido, pelo menos, um problema com a voz. São vários os problemas que afetam os professores confirmou a pesquisa do Sinpro-Rio. Problemas como baixos salários, turmas lotadas, carência de pessoal para disciplinar o ambiente escolar, alunos mais violentos e falta de infraestrutura criam a combinação perfeita para derrubar a motivação e levar muitos docentes a hospitais. Porém, a carência de pessoal para disciplinar o ambiente escolar e alunos mais violentos são os que afetam diretamente e diariamente os professores. As escolas elaboram estratégias para o enfrentamento deste tipo de violência, que é a indisciplina e a falta de respeito dentro das salas de aula. São palestras com vários profissionais de diferentes áreas, incansáveis reuniões com os pais, diálogos diários com alunos indisciplinados e violentos, elaboração de mapa da sala, orientações do Conselho Tutelar, da Patrulha Escolar e uma série de medidas que muitas vezes não surtem efeitos. Programas, projetos, atividades extracurriculares, atividades de contraturno, oferta de cursos de dança, idiomas, jogos, etc. Um infindável cordão de medidas que pouco resolve e se resolve é por um tempo determinado. Poucos são aqueles que mudam suas atitudes. Talvez seja por estes poucos e por acreditar e esperar que ainda seja possível o resgate do restante que estes profissionais continuam no magistério. Eles acreditam na mudança do ser humano. Acreditam como afirmou Jean-Jacques Rousseau. O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe. Se a sociedade o corrompeu, ela é responsável pelos atos deste indivíduo. E a sociedade é formada de pessoas, por famílias, por grupos de amigos e grupos sociais e pelas relações existentes entre eles. Se esta relação se fragilizou em algum ponto do processo é preciso corrigir. O que nem sempre está ao alcance de terceiros. Muitas vezes depende da própria pessoa corrompida a sua regeneração! Portanto, a indisciplina só minimiza ou termina quando o ser indisciplinado reconhecer a incoerência, o contrassenso da sua postura e desta forma, sensibilizado, promover uma mudança no seu comportamento, nas suas atitudes. É um processo de mudança interior e que exige a revisão de valores morais e éticos. Valores que a família, esqueceu, ocupada e preocupada em promover o sustento do corpo. Esqueceu-se do sustento da alma, do espírito e da mente relegados diante da prioridade da sobrevivência material. E esta luta não deve ser solitária, mas sim solidária. Estado, família, escola, amigos, grupos social e religioso devem se unir para minimizar ou acabar com a indisciplina.